“NÓS CREMOS TODOS NUM SÓ DEUS”:

LUTERO E A TRADIÇÃO NICENA

Autores

  • Ricardo W. Rieth

Palavras-chave:

Martinho Lutero. Concílio de Niceia. Credo Niceno- -Constantinopolitano. Reforma protestante. Teologia luterana.

Resumo

O artigo explora a recepção complexa do Concílio de Niceia e do Credo Niceno-Constantinopolitano na obra de Martinho Lutero. O legado de Niceia, visto hoje como um símbolo de unidade cristã, teve uma história de recepção conturbada, com debates e reinterpretações. Lutero não via o Concílio de Niceia como um evento estático do passado, mas como uma fonte dinâmica de reflexão teológica. Ele utilizou as decisões de Niceia para refutar a primazia papal, argumentando que o concílio não foi convocado nem presidido pelo papa, mas pelo imperador Constantino. Para Lutero, a autoridade de um concílio não residia em sua antiguidade, mas em sua conformidade com as Escrituras, que ele considerava a instância máxima. Embora inicialmente cético em relação
ao termo não bíblico homoousios, Lutero passou a defendê-lo contra os “novos arianos” de sua época, como Miguel Serveto, que negavam a divindade de Cristo. Lutero adaptou o Credo Niceno-Constantinopolitano como um hino em alemão, “Nós cremos todos num só Deus”, para uso litúrgico e catequético. O estudo conclui que a teologia de Lutero sobre os concílios, centrada na justificação pela fé e na autoridade das Escrituras, demonstra uma abordagem sóbria e crítica.

Publicado

2025-12-05

Edição

Seção

Artigos